Com a volta da novela “Tieta” (1989-90), nas tardes da TV Globo, na sessão “Vale a pena ver de novo”, vem junto uma das trilhas sonoras mais marcantes da história da emissora (e de sua então gravadora, a Som Livre). “Tieta” foi um daqueles casos parecidos com o de “Roque Santeiro”, quatro anos antes: era tal a força das canções escolhidas para representar tipos brasileiros (aqui, na adaptação do livro de Jorge Amado por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn) que a novela não teve trilha internacional: foram dois LPs só com canções da MPB.

Ao contrário dos discos de “Roque Santeiro”, porém, ao menos o primeiro LP de “Tieta” (com uma capa que reproduzia a nudez da atriz Isadora Ribeiro, vista diariamente na abertura do folhetim) foi um sucesso de vendas – 1.100.097 cópias, o que lhe valeu a nona posição entre as trilhas de novelas mais vendidas da história.

Em 1994, quando a novela foi reprisada pela primeira vez, no “Vale a pena ver de novo”, a Som Livre juntou as melhoras músicas dos dois LPs numa coletânea intitulada “Tieta Especial”.

Com produção do então diretor musical da Globo, Mariozinho Rocha, a trilha “Tieta” é lembrada por todo mundo por causa do tema de abertura, cantado por Luiz Caldas, astro baiano que despontava com a axé music.

O que muita gente não sabe é que Caldas não foi o compositor da canção (hoje, um dos clássicos do axé): na verdade, ela nasceu numa parceria de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (o Boni, então diretor da Rede Globo) com o compositor Paulo Debétio (1946-2023), co-autor do mega hit “Nuvem de lágrimas”, guarânia lançada por Chitãozinho & Xororó e Fafá de Belém.

Recentemente, Boni contou na internet que um dia recebeu uma ligação informando que o prazo para entregar a canção-tema estava esgotado.

— Falei: “Deixa comigo!”. Fui para a máquina de escrever e, meia hora depois, mandei a letra para o (presidente da Som Livre) João Araújo. Correram atrás de um compositor, fizeram uma maratona, mandaram para todo mundo. E depois me trouxeram a melodia para eu ver. A melodia escolhida era do Debétio. E aí outra maratona, vários cantores gravaram também a melodia. E escolhi a versão do Luiz Caldas.

Tieta” respondeu pela parte dançante da trilha da novela junto com “Meia lua inteira”, canção de um emergente compositor baiano, Carlinhos Brown, gravada por Caetano Veloso em seu LP de 1989, “Estrangeiro”. Foi um dos hits da trilha 1 da novela, junto com “Tudo o que se quer” (versão feita por Nelson Motta da canção “All I ask of you”, do musical “O Fantasma da Ópera”, gravada em duo por Emilio Santiago (1946-2013) e Verônica Sabino, e “No Rancho Fundo”, velha música de Ary Barroso e Lamartine Babo, gravada por Chitãozinho e Xororó em seu primeiro álbum para a gravadora PolyGram.

De Mariozinho Rocha, partiu o convite ao celebrado letrista Aldir Blanc (1946-2020) e o sambista Moacyr Luz para que fizessem uma canção para a personagem Tieta”, interpretada por Betty Faria. Saiu “Coração do agreste”, que se tornaria um dos grandes sucessos de rádio de 1989 na gravação incluída na novela, de Fafá de Belém.

“Paixão antiga” (dos irmãos Paulo Sérgio e Marcos Valle, gravada por Tim Maia) e a instrumental “Segredos da noite” (de Paulo Debétio e Julinho Teixeira, tema da misteriosa mulher de branco, que saía à noite para atacar os homens da cidade de Santana do Agreste) também fizeram sucesso.

FONTEoglobo.globo.com
Artigo anteriorCPI das Bets convoca Virginia Fonseca e ex-BBB Felipe Prior para prestar depoimento

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui