O Brasil possui mais de 335 mil pessoas em situação de rua em 2025, segundo um levantamento divulgado pelo programa Polos de Cidadania, da UFMG. Cerca de 63% das pessoas que vivem nas ruas estão concentradas em cidades do Sudeste, que registra mais de 208 mil indivíduos nessas condições.

Apenas a capital São Paulo reúne mais de 96 mil pessoas em situação de rua; seguida de Rio de Janeiro, com mais de 21 mil sem-teto; e, na sequência, Belo Horizonte, com aproximadamente 14,4 mil pessoas vivendo nas vias públicas. Completam o ranking as capitais Fortaleza e Salvador, com mais de 10 mil sem-teto cada.

O coordenador do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da UFMG, André Luiz Freitas Dias, ressaltou que o crescimento desse cenário ocorre em todo o país.

“O crescimento se deve especialmente à ausência e insuficiência de políticas públicas estruturantes no Brasil, mais especificamente as políticas públicas de moradia, trabalho e educação voltadas à população em situação de rua. Dentro dessa perspectiva, nos chama muita atenção a alarmante situação encontrada atualmente em Boa Vista, São Paulo, Florianópolis e Belo Horizonte. O crescimento da população em situação de rua por mil habitantes como um problema, uma situação muito grave que precisa ser enfrentada”, pontuou.

A pesquisa também apontou que houve o fortalecimento do CadÚnico nos últimos anos, o que permite a melhor coleta de dados de populações vulneráveis no país. Outro recorte é o do perfil demográfico dessa população, a partir de informações como sexo, gênero, idade, escolaridade e renda.

Conforme o levantamento, 84% das pessoas que estão nessa situação são homens e 16% mulheres, sendo a maioria com idades entre 18 e 59 anos. Além disso, 52% das pessoas em situação de rua não terminaram o ensino fundamental ou não têm instrução.

Ainda, sete em cada 10 pessoas que moram nas ruas no Brasil são negras, como explicou o professor André Luiz Dias.

“Nós estamos falando de uma população, mais uma vez, majoritariamente negra. A cada dez pessoas em situação de rua no Brasil, sete são negras. Isso nós não estamos falando de uma coincidência, uma simples correlação de variáveis, a questão do racismo estrutural de fato tem trazido marcas significativas a população negra brasileira. Parte dela, desde a abolição da escravidão, foi despejada nas ruas da cidade, sem as tais políticas públicas estruturantes, moradia, trabalho e renda e sem possibilidade de acesso”, avaliou.

O levantamento também indicou mais de 46 mil registros de violência no Disque 100 contra pessoas em situação de rua no Brasil, entre 2020 e 2024, sendo 50% nas capitais. Mais de 20 mil delas foram registradas em vias pública, porém, grande parte se refere às ocorrências em locais que deveriam fazer o acolhimento, como abrigos e albergues.

Após a divulgação dos dados, a CBN procurou o Ministério dos Direitos Humanos e as prefeituras das capitais citadas para um posicionamento sobre o cenário apresentado pela UFMG.

FONTEcbn.globo.com
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