O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) atualizou, por volta das 11h05 desta terça-feira (26), o status da página do participante do estudante diabético eliminado do Enem após o sensor de glicemia disparar. Rudnei Noro, 54 anos, pai do aluno, informou à Itatiaia que agora o pedido de reaplicação foi aceito. O estudante fez requisição no dia 22 deste mês, teve a resposta negativa e agora conseguiu o direito de fazer a prova.
“Somente agora, depois das 11horas da manhã, desta terça-feira, dia 26. Eles estão desde sábado (23) dizendo que a gente podia ficar tranquilo, mas a gente não estava. Causaram um dano emocional e um desgaste tremendo. A gente já tem o desgaste de cuidar da diabetes, que é enorme, e esse pessoal fez isso com a gente”, disse o pai.
Para Rudnei, a polêmica poderia ter sido evitada, se os responsáveis pelo exame tivessem humanidade.“Não vou agradecer a eles, não tenho agradecimento a fazer. Vou fazer um agradecimento a todos vocês que fizeram uma interlocução pela gente. A eles ao contrário: continuo com o meu repúdio, porque tudo isso era evitável, se tivesse um pouquinho, não falo nem de bom senso, de humanidade da parte deles”, desabafa o pai, que sugere mudança nas regras.
“Acho que os protocolos do Inep para os próximos anos precisam ser revistos. O Inep não faz só Enem, faz outros concursos. Os protocolos de todas essas bancas de concursos deveriam ser revistos, porque os diabéticos tipo 1, vou repetir tipo 1, precisam ter um cuidado diferente”, disse.
A família mora em Salto de Jacuí, no interior do Rio Grande do Sul, e o estudante, de 17 anos, fez o exame na cidade de Sobradinho, 50 km distante de Salto. Após conseguir o direito à reaplicação, o pai destaca que vai continuar a luta.
“Nossa luta agora, eu estou aqui no interiorzão, mas a luta tem um monte de gente, é para conseguir mais. No momento, muito obrigado a vocês por essa intervenção. E que as pessoas tenham um pouco mais de competência quando vão trabalhar, para entender que elas causam dano terrível às pessoas que estão aqui do outro. Elas têm que entender que estão lá para fazer algo por nós. Eu faço a minha parte, sou o tal do contribuinte e espero que a parte deles venha também em qualidade”, concluiu.
Relembre
O caso ocorreu dia 3 deste mês, em Sobradinho, no Rio Grande do Sul, e foi compartilhado nas redes sociais do pai do jovem.
Na postagem feita na rede social, o pai explicou que o filho tem diabetes tipo 1, quando há pouca ou nenhuma produção de insulina no corpo, e que precisa monitorar o nível de açúcar no sangue para saber quando tomar o medicamento. O adolescente usa no braço um tipo de sensor de glicemia, que é conectado ao celular, e apita quando os níveis estão fora do normal.
Ainda conforme o pai, o celular do adolescente estava sob a posse do fiscal na hora da prova, quando o alarme do sensor disparou uma vez. A situação já foi suficiente para que o estudante fosse eliminado e retirado da sala por “perturbar os demais alunos”. O adolescente ainda precisou assinar uma ata e foi obrigado a deixar a escola onde fazia a prova.