A diretoria colegiada da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica em um trecho do rio Xingu e no seu afluente, o rio Iriri, nesta segunda-feira (30).
A decisão foi aprovada com o objetivo de aumentar a segurança hídrica da região e mitigar os impactos dos baixos níveis de água dos rios. A resolução tem vigência de um mês e vai até 30 de novembro.
O rio Xingu abriga uma das maiores usinas do país, a hidrelétrica de Belo Monte, que representa 11% da capacidade de geração do sistema interligado nacional. Sua bacia banha os estados de Mato Grosso e Pará e atende 23 cidades, com mais de 560 mil habitantes.
De acordo com os institutos de climatologia, a precipitação acumulada na Bacia Hidrográfica do rio Xingu de outubro de 2023 a setembro de 2024 foi caracterizada por chuvas abaixo da média, tendência que continua no atual período seco. As anomalias negativas de chuva afetaram especialmente o trecho de Altamira do rio Xingu, que está abaixo dos valores mínimos já observados para essa época do ano.
Segundo a ANA, Belo Monte foi concebida para operar a fio d’água, aproveitando a força da correnteza dos rios para gerar energia elétrica, sem a necessidade de grandes reservatórios. As vazões naturais do complexo em 2024 têm se apresentado inferiores às observadas em 2023, ao ponto de a agência declarar níveis similares aos mínimos do histórico de dados.
Além da geração de energia, a seca no Xingu também afeta a navegação, tornando-a inviável em alguns trechos do rio.
Outros casos
Essa já é a quarta declaração de escassez hídrica emitida neste ano pela ANA.
- Em maio, a agência declarou situação crítica na bacia hidrográfica do Paraguai, quando o rio Paraguai apresentou níveis d’água transitando entre os mínimos históricos.
- Dois meses depois, em julho, as precipitações na região Norte ficaram abaixo da média, levando a resoluções da ANA para o rio Madeira e o rio Purus e seus afluentes, rio Acre e rio Laco.
- No último dia 23 de setembro, a agência aprovou a proposta de escassez hídrica no trecho baixo do rio Tapajós.
Isso significa que quatro afluentes do rio Amazonas estão em situação crítica: os rios Madeira, Purus, Tapajós e Xingu.