A cantora Paulinha Abelha morreu nesta quarta-feira (23), em Aracaju, onde estava internada em estado de coma desde o dia 11 de fevereiro. Aos 43 anos, a artista teve um quadro de insuficiência renal. Três dias depois, foi divulgada a informação de que ela estava em coma. Em nota da assessoria de comunicação do Hospital Primavera, o estabelecimento comunica que Paulinha faleceu às 19h26, em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico.

Nas últimas 24 horas, apresentou importante agravamento de lesões neurológicas, constatadas em ressonância magnética, e associada a coma profundo. Foi então iniciado protocolo diagnóstico de morte encefálica, que confirmou hipótese após exames clínicos e complementar específicos.

No último dia 17, o UOL Splash apurou que ela passava por uma terapia dialítica, e que estava sendo acompanhada por uma equipe médica especializada. A família da cantora desejava que ela fosse tratada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, porém, por instabilidade neurológica, Paulinha não estava em condições clínicas seguras para realizar a transferência aérea.

Já no dia 22, os médicos que cuidavam da cantora deram uma coletiva afirmaram que o mais preocupante no quadro era a parte neurológica, e os demais problemas haviam sido estabilizados.

Paulinha estava na escala de Glasgow 3, considerado mais grave do coma. Uma pessoa saudável tem a escala Glasgow 15. A escala analisa a gravidade da lesão craniana de um paciente. Quanto menor for a pontuação do paciente, mais grave é seu estado de saúde.

Os médicos ainda usaram o termo “síndrome tóxico-metabólica” para falar do caso, em uma suspeita de que alguma substância estava circulando pelo corpo dela, causando “uma cascata de inflamações ou lesões”. A equipe não conseguiu definir com precisão que substância estaria causando o problema. Paulinha usava alguns medicamentos, todos supervisionados.

Trajetória

Paula de Menezes Nascimento Leça Viana, natural de Simão Dias, em Sergipe, era uma das principais cantoras de forró eletrônico do país. Passou a receber destaque nacional na Calcinha Preta, banda que integrou em 1998, e onde foi a vocalista principal durante 12 anos, ao lado de Silvânia Aquino, Bell Oliver e Daniel Diau.

A carreira artística, entretanto, teve início quando ela tinha 12 anos, esbanjando simpatia como cantora em trios elétricos no interior do estado natal.

A partir daí, as idas e vindas foram muitas. Começou investindo em uma banda própria, durante três anos, a Flor de Mel. Depois, ingressou na Panela de Barro, onde permaneceu pelo mesmo período de tempo. Foi quando foi descoberta por Gilton Andrade, empresário e diretor da famosa banda de forró eletrônico, Calcinha Preta.

Participou da gravação de 22 álbuns e fez parte de sucessos como “Louca Por Ti”, “Ainda Te Amo” e “Liga Para Mim”. Foi também a época em que atingiu o ápice da popularidade, com “Você Não Vale Nada” como tema da personagem Carminha, interpretada por Dira Paes, na novela “Caminho das Índias”, na TV Globo.

Ganhou ainda fama por suas performances sensuais no palco, com o sucesso do hit “Baby Doll”. Dançava e cantava de lingerie nos shows, como sugere a letra da música. Passou, com o tempo, a acrescentar discursos em defesa da liberdade sexual das mulheres durante a performance.

Toda a visibilidade a fez receber um convite para ser madrinha de bateria de uma escola de samba do Carnaval de São Paulo, a Pérola Negra.

“Minha amiga e fã da banda, Silmara, me apresentou para o pessoal da escola e surgiu o convite”, contou Paulinha ao G1, à época. “É emoção e nervosismo ao mesmo tempo. O meu coração está a mil e eu estou feliz à beça, Ave Maria”.

Em 2010, a cantora se desligou da banda para integrar o grupo GDO do Forró. Abandonou o projeto no mesmo ano para iniciar um com o então marido, Marlus Viana: a Dupla “Paulinha & Marlus”.

Voltou para a Calcinha Preta em 2014 e a deixou em março de 2016, junto com Silvânia Aquino desta vez. Iniciaram o trio Gigantes do Brasil, junto com Daniel Diau, que durou até a formação da dupla “Silvânia & Paulinha”, em dezembro do mesmo ano.

Em postagem no Instagram em fevereiro, Silvânia foi uma das que pediu para que os fãs orassem pela amiga. “Meus amores, orem, rezem, intercedam por nossa abelha. Ela que nos enche sempre de alegria precisa de nossa corrente positiva de amor e intercessão”, escreveu.

Em 2018, Paulinha retornou à banda em que mais fez sucesso, e não a deixou mais. Nela, ao longo dos anos, ganhou o coração de milhares de fãs. Prova disso é a criação da música que leva seu nome, “Paulinha”, lançada em 2008 e composta, dentre outros artistas, pelo empresário da Calcinha Preta.

Recém-casada, a cantora havia recebido uma carta de um admirador, na qual ele questionava o status de relacionamento da artista. “Essa música é de 2007, eu era recém-casada. O fã mandou uma carta e o empresário teve essa ideia de fazer uma versão. Na verdade é paródia, mas a gente chama de versão”, contou Paulinha Abelha ao podcast “g1 ouviu”.

Antes da doença a acometer, Calcinha Preta gravou um DVD de 25 anos, em fevereiro de 2020, e estava retornando à rotina de shows após meses sem apresentações por conta da pandemia.

Até a internação, o último compromisso do grupo foi a gravação do podcast Podpah, em São Paulo, no dia 8 de fevereiro.

Durante a entrevista, realizada no dia 9 de fevereiro, X dias antes da morte, Paulinha afirmou que se sentia mal. “Eu senti um ‘passamento’, um desmaio (antes da entrevista). Mas nada que o Podpah não resolva, está tudo ótimo. Qualquer coisa, se eu ficar tonta, eu vou ali. Mas comi igual a uma lontra, ontem jantamos um sushi maravilhoso”, disse.

FONTEcorreio24horas.com.br
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