O ex-ministro da Justiça Sergio Moro indicou à Polícia Federal a existência de pelo menos sete provas para corroborar as acusações de que o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) tentou interferir indevidamente na PF. De acordo com o jornal O Globo, dentre essas provas, Moro citou que ministros da ala militar do governo federal foram testemunhas das pressões de Bolsonaro sobre o órgão. De acordo com o ex-juiz federal, poderão confirmar seus relatos os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Moro prestou depoimento no inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto a pedido do procurador-geral da República Augusto Aras após a denúncia de que o presidente tenta realizar interferências políticas na corporação. Segundo Moro, a interferência de Bolsonaro tem como objetivo frear investigações contra aliados. O ex-ministro deixou seu cargo no mesmo dia que Bolsonaro demitiu o então diretor-geral da PF Maurício Valeixo, pessoa da confiança de Moro no comando da corporação.
Ainda segundo O Globo, informações preliminares da perícia da Polícia Federal apontam que também há, no celular do ex-ministro, mensagens enviadas por Bolsonaro na qual ele manifestaria vontade de trocar o comando da Superintendência da PF em Pernambuco, mais uma mensagem indicando preocupação do presidente com inquéritos em curso no STF e outra conversa na qual Bolsonaro verbalizou sua intenção de demitir Valeixo. Um relatório sobre o conteúdo das conversas será feito em breve pela perícia da PF.
Nesta segunda-feira (4), o presidente Jair Bolsonaro nomeou Rolando Alexandre de Souza para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. O nome foi escolhido após indicação de Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro e antigo cotado para o cargo. Ele seria o nomeado para a diretoria-geral, mas foi barrado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ser próximo da família do presidente.