O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, comentou o atual panorama político brasileiro em meio à pandemia e acusou o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem partido), de tensionar as relações democráticas do país. Em entrevista a Mário Kertész hoje (27), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, o jurista defendeu que o Congresso Nacional e o Poder Judiciário permaneçam atentos quanto aos movimentos autoritários. Para Santa Cruz, Bolsonaro prega uma “ruptura da democracia”.
“Quando na história recente do Brasil houve um discurso tão claro de que só pode ocupar cargo em comissão no governo de quem pensa como nós? Nunca. Não se pode acusar o presidente da República de ser suave ou de escamotear suas práticas. Ele é absolutamente coerente: ele radicaliza sua base, radicaliza esse pensamento de ruptura institucional e quer sim a ruptura da democracia. Ele apenas reconhece que não tem forças hoje”, declarou o presidente da OAB.
Ainda segundo Santa Cruz, o Poder Legislativo tem assumido um papel de destaque ao coibir as ações de Bolsonaro. No entanto, ele alerta para a troca de lideranças no Congresso e às indicações de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que pode caracterizar uma possibilidade de ‘aparelhamento estatal’.
“Nos últimos anos, a grande resistência se deu no Congresso e se deu no Supremo. Há uma perspectiva de substituição das liderança do Congresso, o que é muito preocupante. As notícias que chegam no Congresso também são preocupantes do ponto de vista de aparelhamento, e na outra ponta, temos o presidente podendo indicar dois ministros do Supremo. Tenho para mim que essa manobra de se livrar do Sérgio Moro muito mais foi para se livrar de um compromisso que ele tinha em relação ao STF do que qualquer outra coisa. Ele quer no STF alguém que preencha esse perfil de soldado”, comentou.