Derrotado no segundo turno das eleições presidenciais em 2018 pelo presidente Jair Bolsonaro, o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), afirma que o chefe do Palácio do Planalto quer mexer no comando da Polícia Federal para que denúncias não sejam investigadas. Maurício Valeixo, indicado pelo ministro Sergio Moro, foi exonerado do cargo de diretor da instituição nesta sexta-feira, 24.
“A Polícia Federal reivindica uma autonomia que sempre teve, sobretudo nos governos do PT. Agora, Bolsonaro não quer deixar investigar. Não quer que investigue as rachadinhas no Rio de Janeiro, onde pegava o dinheiro dos funcionários do próprio gabinete. Todo mundo sabe disso. Ele acumulou um patrimônio imobiliário que ninguém sabe explicar de onde veio esse dinheiro. Se a Polícia Federal trabalhar, a verdade vai vir à tona”, afirmou o petista em entrevista ao programa Isso é Bahia, na Rádio A TARDE FM, na manhã desta sexta-feira.
O ex-prefeito falou também da administração do presidente em meio à pandemia do coronavírus. “No Congresso Nacional, temos conseguido derrotar Bolsonaro pela falta de ação dele. Lembre que ele propôs no Congresso R$ 200,00 para o trabalhador informal. Tem muita dificuldade de gestão, em fazer o dinheiro chegar às famílias. Não está oferecendo apoio para prefeitos e governadores que estão tendo queda de arrecadação”, elencou.
Segundo Haddad, Bolsonaro se tornou “o governante mais mal avaliado do mundo”. “Não temos governo. Temos uma pessoa que nunca gerenciou uma farmácia, uma padaria, uma lanchonete. Nunca gerenciou nada, e de repente está comandando o país”, completou.
O ex-ministro disse ainda que Bolsonaro estaria contando com dinheiro de empresários para reforçar a presença nas redes sociais. “A minha rede social é a que mais cresce, mas é muito difícil derrotar o Bolsonaro na internet com robôs. Ele atua com dinheiro de empresários, inclusive a Polícia Federal está investigando em várias frentes. Bolsonaro tem robô e dinheiro sujo de empresários”, acusou o petista durante a entrevista.
Fernando Haddad desconversou quando questionado se há um movimento da esquerda no país para pedir a saída de Bolsonaro da Presidência da República. “Existe o movimento da sociedade pelo ‘Fora, Bolsonaro’. Na última pesquisa, 47% era a favor do afastamento dele, sobretudo depois do último domingo quando foi saudar movimento que pedia intervenção militar”, apontou.